Relato de Parto da Eluise e seus 4 filhos: a busca pelo parto humanizado

Me sentia confusa, ninguém me explicava o que estava acontecendo. Pois bem, lá chegando me proibiram de movimentar, beber água, alimentação, de ver alguém, só era permitido respirar. A única coisa que eu recebia: ocitocina sintética e exame de toque, era um hospital universitário, era madrugada. Levei mais de 30 toques em 10 minutos, minhas forças se esgotavam, me sentia exposta, suja, partida. Tentei me impor, ninguém me ouvia, até que exausta consegui fechar minhas pernas e então me levaram à sala de parto, para poderem continuar com os toques e controlar minhas pernas, eu sangrava, meu filho não queria sair naquelas condições, mas não tivemos opções. Duas enfermeiras subiram em minha barriga para empurrar, eu implorava água, um rapaz apareceu e molhou minha boca com algodão, e me disse q logo passaria, q eu tivesse força (a única pessoa que acreditou em mim) e a tortura continua, a cada empurrada das enfermeiras eu desmaiava, me mutilaram, 18 pontos. Até que Pedro saiu, não pude ve-lo, toca-lo, a GO o tempo todo no celular esqueceu a placenta dentro de mim, porém na minha cabeça eu imaginava q tudo aquilo era rotina, eu só tinha a vontade de um parto normal, eu não tinha apoio, informação, base científica. Me deixei levar na infeliz idéia que eles sabiam o que estavam fazendo… ledo engano.
Logo me surpreendi com a notícia de uma nova gestação, não tive tempo de buscar informações, porém ainda assim escolhi o parto normal. Acreditava que poderia ser diferente, afinal eu lia tantos relatos..porém o mais importante eu deixei passar novamente, a informação real, eu só pensava no parto e sofria por antecipação.
Minha bolsa rompeu, e fomos ao hospital de Canela. Novamente inúmeras proibições, só respirar e ficar deitada de lado Ah e como meu primeiro filho nasceu prematuro e não “entrei em trabalho de parto”, novamente indução do parto com muita ocitocina, precisei de ajuda mecânica p respirar, ofensas, gritos e impaciência reinaram na minha nova tentativa de parto, começou o expulsivo e Maria Luiza apontou, desespero geral, duas circulares(ah como dou risada desse desespero hoje), um enfermeiras segurou a cabeça dela p ela não sair enquanto outra me rasgou com as mãos e tentava desenrolar, Malu fazia força , se empurrava, até que venceu e conseguiu. Novamente separadas, não pude ve-la, porque nasceu roxa (todos os bebês nascem), minha filha perdeu o calor do corpo de tanta intervenção que recebeu, nesse momento uma enfermeira pegou ela e colocou no meu peito nu para eu aquece-la. .. (ja estávamos no quarto). Comecei a questionar minha vontade de parto… a falta de informação. .. eu tinha certeza que não era assim. ..afinal eu lia tantos relatos. Por não conseguir amamentar o Pedro, corri atrás de informação para amamentar minha Lulu, entrei no mundo humanizado do aleitamento materno. Ah que orgulho de mim, ela mamou 1 ano e seis meses, desmame gradual por decisão dela.
Até que fomos surpreendidos por uma nova gestação. ..aí bati o pé e falei p o Tiago que agora eu iria atrás de informação, que eu seria a protagonista do meu parto (achava esse termo lindo, todos os relatos que li tinha isso), entrei em grupos, nos próprios grupos de amamentação e criação com apego as meninas me ajudavam, estava confiante, acreditei em mim, no meu corpo. Não coloquei a culpa em ninguém dos meus partos frustrados. Não desisti facilmente dos meus ideais. E quando minha bolsa rompeu do pequeno Dani Tsunami, eu tinha lido tanto, que faria meu parto sozinha dentro de um ônibus cheio… empoderamento e informação é tudo, fui p o chuveiro, dancei, conversei, expliquei p os irmãos o q estava acontecendo. Tentei ter em casa, meu marido teve uma síncope nervosa, aceitei ir para o hospital, escolhi Gramado. Ao levar a Maria Luiza na casa de uma madrinha, tive a grata surpresa de ver meu corpo trabalhar, minha primeiras contrações naturais, vocês não tem noção do que senti. ..sim meu corpo era perfeito. Chegando ao hospital, apresentei meu plano de parto, cada item eu apresentava evidências científicas, entre um tópico e outro, pausa para rebolar e curtir minhas contrações, que vinham como passos de dança entre eu e meu garoto, prontamente aceitaram minhas escolhas. Bebia água, ia para o chuveiro, andava, rebolava. Recebia massagem e carinho das enfermeiras e meu marido que ficou ao meu lado o tempo todo. Em quatro horas Daniel chegou em nossos braços, sem sofrimento, naturalmente, respeitosamente, sim diretamente ao meu peito, pudemos trocar olhares e juras, papai babava, hoje ele me conta que foi mais pela minha decisão e não ter desistido. Me sentia uma Deusa…eu consegui. Venci um sistema falho e provei que sim meu corpo era perfeito e eu fui a protagonista do meu parto.

Então meninas minha dica é: leiam, informem-se, e garanto que tudo será diferente, num sistema como nosso empoderamento é tudo, sem informação apenas teremos um parto normal (recheado de Violência Obstétrica), com informações teremos a melhor experiência de vida, receberemos nossos pequenos com todo amor e respeito que merecem. Afinal estar grávida não é somente um estado, é uma transição sagrada, é uma busca, um encontro de si mesma…fomos programadas para isso, e é sem dúvidas a parte mais linda e encantadora da gestação, o rompimento das barreiras que nos apresentam ao nosso grande amor (no meu caso de um dos meus grandes amores), levantem as cabeças e digam EU POSSO, SEJAM VOCÊS TAMBÉM AS PROTAGONISTAS dos SEUS partos!!